Esse ano foi marcado pela comédia no Cine PE Festival do Audiovisual. Um importante debate sobre as possibilidades do gênero na filmografia nacional foi levantado pela imprensa e pelo público. A competição, entretanto, não foi de encher os olhos. Foram 7 longas e 18 curtas nas mostras competitivas principais, mas diariamente certo estranhamento surgia acerca da qualidade de muitas obras selecionadas. De toda forma, o maior festival de público do País trouxe excelentes produções, rapidamente comentadas abaixo:
CURTAS
Linear, de Amir Admoni (SP): Não é segredo que esse é um dos meus curtas preferidos do ano passado. A animação de 6 minutos tem um caráter subjetivo e é mais um grande feito de Admoni, que já realizou o ótimo Timing, com Caco Ciocler. Não à toda, Linear venceu dois Calungas de Ouro, nas categorias de Melhor Curta e Melhor Edição de Som.
O Fim do Filme, de André Dib (SP): Cinéfilos odeiam saber o final de um filme antes de assisti-lo. Partindo dessa premissa, Dib realiza um curta delicioso, sem pretensões estéticas inovadoras. Além de usar a metalinguagem, o diretor ainda constrói uma comédia romântica sutil. O curta levou para casa cinco Calungas: Melhor Direção, Melhor Ator, Melhor Atriz, Prêmio do Júri Popular e Prêmio de Aquisição Canal Brasil.
A Guerra dos Gibis, de Thiago Mendonça e Rafael Terpins (SP – foto acima): Documentário aborda a tradição dos quadrinhos no Brasil e seu precursores. Desvia do documentário clássico, investindo em elementos gráficos, animação e uma estética arrojada para contar sua trama. Provavelmente o melhor do festival, mas que saiu apenas com o prêmio de Melhor Direção de Arte.
Íris, de Kiko Mollica (SP): O curta parte do ponto de vista de um garoto que nasceu com um problema de visão. Durante a projeção, o diretor opta por filmar subjetivamente, causando certo desconforto no público, mas que é intencional. Com um humor refinado, o clímax do curta fez o público ir abaixo no Cine PE. Venceu Melhor Roteiro e Prêmio da Crítica.
Confete, de Jo Serfaty e Mariana Kaufman (RJ): O documentário parte da produção do confete até chegar às ruas do Carnaval carioca. Talvez a inocência da abordagem tenha prejudicado o curta, que saiu sem prêmios, mas é inegável sua qualidade técnica, principalmente fotografia e trilha sonora.
LONGAS
Mazzaropi, de Celso Sabadin (SP – foto acima): Recuperando a memória do gênio da comédia Amácio Mazzaropi, o documentário traça com grandiosidade a trajetória profissional e pessoal do artista. Apropriando-se de depoimentos preciosos, o longa é o primeiro filme do jornalista e crítico de cinema Celso Sabadin, que realiza um filme definitivo que fala não só sobre o mito, mas faz um recorte imperdível sobre o cinema nacional. É chocante ter saído sem prêmios.
Vendo ou Alugo, de Betse de Paula (RJ): Comédia politicamente incorreta conquistou 12 prêmios, o que impulsionará seu lançamento no mercado comercial em agosto desse ano. O humor negro se junta ao elenco afiado em uma comédia de situações instalada no subúrbio carioca, onde quatro mulheres de diferentes gerações pretendem vender a casa onde moram. Meio a tiros, drogas e maluquices, elas fazem parte de uma realidade ainda preocupante do Brasil.
O jornalista esteve em Recife/Olinda a convite do 17º Cine PE Festival do Audiovisual.