Especial Oscar 2013 – Parte IV

Hoje falaremos sobre as categorias de roteiro, ator/atriz, coadjuvante e diretor. A poucos dias da cerimônia, parece que em Hollywood tudo ainda continua incerto. Ana Maria Bahiana chegou a comentar que ainda há problemas com o sistema de votação virtual, que não conquistou os votantes mais velhinhos, e que os grandes especuladores do Oscar entram em conflito na hora de prever quem vencerá em cada categoria.

Moonrise Kingdom

Melhor Roteiro Original: Considero essa uma das categorias mais respeitáveis, visto a constante falta de criatividade de Hollywood. Felizmente ainda temos cineastas que reciclam ideias, argumentos e storylines comuns e transformam em ótimas obras. A disputa é de peso. Quentin Tarantino leva vantagem com o script de Django Livre, vencedor do Globo de Ouro na mesma categoria. Como já citei aqui no blog, os vencedores dos Globos não necessariamente  se repetem no Oscar por inúmeros motivos. Resta saber se a Academia gostou da leitura moderna e cômica do faroeste de Tarantino, que venceu pelo texto de Pulp Fiction em 1995.

Disputa acirrada com Mark Boal, roteirista de A Hora Mais Escura. A vantagem do longa é se apropriar de uma temática mais presente dentro do contexto americano, o que pode agradar a Academia. Avaliando que o filme de Kathryn Bigelow perdeu espaço para concorrentes como Argo, pode ser que os votantes premiem o drama por consolação. Caso vença, será o terceiro Oscar de Boal, que venceu em 2010 como roteirista e produtor de Guerra ao Terror.

Michael Haneke arrastou cinco indicações esse ano com sua obra Amor, favorita a Melhor Filme Estrangeiro. O encantamento da Academia pode favorecer uma vitória também por Roteiro Original, ainda que não seja o mais marcante da lista. É uma forma também de recompensar a negligência ao conjunto da obra de Haneke. Já o novato John Gatins concorre pela primeira vez ao prêmio pelo texto de O Voo, que rendeu boa repercussão por parte da mídia. Completa a lista o belíssimo script de Wes Anderson e Roman Coppola para Moonrise Kingdom, infelizmente ignorado esse ano no Oscar e melhor do que muitos outros competidores. Anderson, cuja filmografia é memorável, nunca venceu uma estatueta.

Pi1

Melhor Roteiro Adaptado: A concorrência pelo prêmio de adaptação também está acirrada. Tony Kushner assinou Lincoln e recebe sua segunda indicação. A primeira foi em 2006 por Munique, perdendo para O Segredo de Brokeback Mountain. A quantidade de indicações de Lincoln não significa um favoritismo.  Devo arriscar que aqui pode estar a chance de dar o primeiro Oscar a David O. Russell por O Lado Bom da Vida. É visível o carinho que a Academia tem pelo cineasta.

David Magee também pode ser uma boa opção. A adaptação de As Aventuras de Pi foi considerada por muito tempo impossível de levar ao cinema. O texto de Magee é encantador, assim como a obra de Ang Lee. Completam a lista Chris Terrio, responsável por Argo, e a dupla Lucy Alibar e Benh Zeitlin por Indomável Sonhadora. Caso Argo consiga o prêmio principal, talvez não vença em Roteiro. Já o filme de Zeitlin pode ser o grande azarão!

Emmanuelle Riva

Melhor Atriz: Enquanto a campanha para a vitória de Jennifer Lawrence por O Lado Bom da Vida continua, não podemos esquecer a força de outras duas concorrentes. Lawrence está magnífica como Tiffany na comédia indie que conquistou crítica e público, mas acredito que ela pode esperar mais um pouco para vencer o seu primeiro Oscar. A interpretação de Jessica Chastain em A Hora Mais Escura pode quebrar o reinado de Lawrence, não só pela superioridade, mas por merecimento pelos ótimos trabalhos que Chastain fez nos últimos anos.

Outra que não pode ser deixada de lado é Emmanuelle Riva, que está soberba em Amor. No dia da cerimônia, Riva completará 86 anos e merece receber o melhor presente de aniversário para uma atriz! Completam a lista a encantadora estreante Quvenzhané Wallis, pelo drama Indomável Sonhadora, e Naomi Watts, por O Impossível. Essas indicações soaram um pouco inadequadas no contexto dessa edição do Oscar, então elas não devem ser prioridades dos votantes.

Joaquin Phoenix

Melhor Ator: Daniel Day-Lewis é o favorito quase imbatível da premiação, o que pode render sua terceira estatueta (venceu em 1990 por Meu Pé Esquerdo e em 2008 por Sangue Negro) por Lincoln. Mas como sempre gosto de lembrar, surpresas podem aparecer! Esse ano foi bom para os atores. Joaquin Phoenix recebeu sua terceira indicação pela espetacular performance em O Mestre, outro filme injustiçado entre os indicados. A entrega de Phoenix é impressionante e não seria surpresa se ele quebrasse o favoritismo de Day-Lewis.

Hugh Jackman soltou a voz em Os Miseráveis, trazendo toda sua experiência do teatro musical para um filme que, infelizmente, não está na mesma proporção do seu talento. Vencedor do Globo de Ouro, também pode ser outra ameaça para Day-Lewis. Mais atrás temos as discretas indicações de Bradley Cooper, por O Lado Bom da Vida, e de Denzel Washington, por O Voo. Ainda que estejam muito corretos em seus papéis, ambos não devem subir ao palco para agradecer pela estatueta.

Anne Hathaway

Melhor Atriz Coadjuvante: A categoria é uma das mais fáceis, talvez pela fraca concorrência. Só se fala em Anne Hathaway para o prêmio, após sua sofrida interpretação em Os Miseráveis. Ela cortou o cabelo em cena, foi abusada, chorou muito e teve a sorte de cantar I Dreamed a Dream sob as lentes irregulares de Tom Hooper, então somou alguns elementos importantes para vencer o maior prêmio do cinema. Uma surpresa seria um terceiro Oscar para Sally Field (venceu em 1980 pelo ótimo Norma Rae e cinco anos depois por Um Lugar no Coração), coadjuvante de Lincoln.

Helen Hunt, que concorre pela performance em As Sessões, tornou uma querida da Academia após sua vitória por Melhor é Impossível, em 1998. Pena que após isso não pegou papéis relevantes. Completam a lista Amy Adams, por O Mestre, e Jacki Weaver, por O Lado Bom da Vida, duas atuações abaixo do normal e aparentemente lembradas apenas pela aparente falta de opções. Apenas aparente.

Christoph Waltz

Melhor Ator Coadjuvante: Se entre as atrizes coadjuvantes a estatueta praticamente já tem dona, entre os atores a dúvida paira. A parceria de Quentin Tarantino e Christoph Waltz em Django Livre pode render a segunda estatueta do astro. Os veteranos Tommy Lee Jones, em Lincoln, e Robert De Niro, por O Lado Bom da Vida, podem ameaçar o reinado de Waltz, já que suas performances deram um up na carreira de ambos.

Completam a lista Philip Seymour Hoffman, simplesmente espetacular em O Mestre, mas que provavelmente será esquecido pela Academia; e o também veterano Alan Arkin, que quase se tornou um favorito este ano após o excelente trabalho em Argo.

David O. Russell

Melhor Diretor: Mesmo sendo provavelmente a categoria mais incorreta desta 85ª edição do Oscar, ainda podemos contar com surpresas entre os diretores. Enquanto Steven Spielberg lidera o favoritismo da Academia por Lincoln, o trabalho de Ang Lee em As Aventuras de Pi é tão bom ou superior que o do primeiro. A indicação de Michael Haneke por Amor eleva o cineasta a uma posição confortável entre os concorrentes, já que conquistou esse ano a simpatia da Academia. Completam a lista Benh Zeitlin, por Indomável Sonhadora, e David O. Russell, pelo simplório trabalho feito no ótimo O Lado Bom Da Vida.

Classifiquei como ‘incorretos’ os indicados não somente pela ausência do reconhecimento do trabalho de Ben Affleck em Argo, mas também pela falta de Paul Thomas Anderson, por O Mestre; Kathryn Bigelow, por A Hora Mais Escura; e até mesmo de Quentin Tarantino, por Django Livre. Não que Django seja um dos meus filmes favoritos da temporada, porém a indicação seria justa. Mas estamos falando de Oscar, não de justiça.

Leia o Especial Oscar 2013 – Parte I: Maquiagem e Figurino
Leia o Especial Oscar 2013 – Parte II: Edição de Som, Mixagem de Som, Trilha Sonora Original e Canção Original

Leia o Especial Oscar 2013 – Parte III: Direção de Arte, Fotografia, Efeitos Visuais e Montagem

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