De 2000 para cá, o produtor Rodrigo Teixeira se divide entre produções dentro e fora do Brasil. Atuar no cinema internacional sempre foi um desejo, até que ele conseguiu se consolidar como profissional disputado no cinema alternativo.
Essa semana, Teixeira ganhou um dos prêmios mais cobiçados do circuito, o Independent Spirit Awards, considerado o Oscar do cinema independente, pelo drama de suspense “A Bruxa”, lançado nos cinemas no ano passado.
A obra dirigida pelo norte-americano Robert Eggers venceu nas categorias de Melhor Filme de Estreante e Roteiro de Estreia. “Não é um prêmio natural para um filme de gênero, o que faz com que nós fiquemos mais felizes ainda”, conta.
O que mais interessa a Teixeira como produtor é o que se convenciona chamar de cinema de arte, propostas narrativas menos fabricadas. “O Brasil me gera reconhecimento e pouco público, enquanto nos Estados Unidos eu tenho mais público e reconhecimento”, analisa.
Além de “A Bruxa”, outro filme produzido pela RT Features, empresa capitaneada por Teixeira, também foi indicado a Melhor Roteiro. O drama familiar “Melhores Amigos” foi escrito pelo também brasileiro Mauricio Zacharias com direção de Ira Sachs, dos ótimos “Deixe a Luz Acesa” (2012) e “O Amor é Estranho” (2014).
O interesse em produzir roteiros com um direcionamento mais artístico vem de sua influências do cinema americano dos anos 70 e 80. “Tenho interesse pelo cinema brasileiro, um interesse em fazer filme para um público específico. Não sei fazer cinema comercial e fico feliz porque o público está assistindo. Mas eu não faço”, diz o produtor.
Ciente de que o cinema de arte ainda sofre com a restrição de público, se comparado com as comédias que chegam ao circuito comercial, Teixeira acredita que essa é uma questão cultural. “Cinema brasileiro é um gênero por si só e o cinema de arte é um subgênero do cinema brasileiro. É uma questão de formação de plateia; é preciso melhorar a educação cinematográfica das pessoas”, reflete.
Para criar novos espaços para o cinema alternativo, Teixeira acredita que é algo a longo prazo e que precisa partir de pequenas mudanças, como os filmes exibidos na programação das emissoras de TV.
Ainda esse ano, Teixeira produzirá “Ad Astra”, estrelado por Brad Pitt e dirigido por James Gray, do elogiado “Era Uma Vez em Nova York” (2013).
O produtor também segue com os projetos nacionais e em breve lançará “O Animal Cordial”, longa-metragem de Gabriela Amaral Almeida. “Acho a Gabriela uma grande profissional. Esse é um dos filmes que eu estou colocando minhas fichas que vai ser sucesso”, elogia a diretora dos premiados curtas “A Mão que Afaga” (2011) e “Estátua!” (2014).
Publicado originalmente pelo autor no Jornal Diário do Nordeste.