Crítica | Invencível (2014), de Angelina Jolie

Invencível, de Angelina Jolie

Avaliação: Regular

Angelina Jolie já provou ser uma excelente atriz e decidiu expandir fronteiras. Em 2011, a musa se aventurou como diretora em “Na Terra do Amor e Ódio”. Com um projeto mais ambicioso, a estrela assume novamente o cargo em “Invencível”, biografia do atleta olímpico Louis Zamperini, que enfrentou dias de caos ao se perder no mar e ser capturado pelos inimigos japoneses durante a Segunda Guerra Mundial. O problema é que, apesar de uma direção criteriosa para transformar o drama em um bom filme de guerra, o roteiro piegas não deixa o longa ir para frente.

Na sequência inicial, Jolie surpreende com a força visual das cenas aéreas, amparada por uma montagem dinâmica. Durante o primeiro ato, conhecemos um pouco mais sobre a infância do jovem rebelde Louis, que de repente descobre ter talento para corridas. Ao optar por mostrar desde a juventude do herói, o roteiro esquemático faz com que a narrativa não renda como devia. A partir do segundo ato, “Invencível” é tomado por sequências longas demais que apenas reiteram as mesmas ideias, além das repetidas sequências de violência. Ao ser capturado, o inferno de Louis é quase fetichista.

São pouquíssimos os momentos em que realmente sabemos a quantas anda a Guerra fora daquele cenário. Não há ambientação sólida para entender o contexto histórico, por melhor detalhado que isso esteja nos livros de História. Louis é visto como um herói praticamente imortal. A trama acaba perdendo tempo demais com as mesmas abordagens, o que é inaceitável para uma película de 137 minutos, e não engata. Por mais poderosa que seja a atuação do jovem Jack O’Connell, não foi permitido que ele transitasse em diferentes nuances do esportista.

Quando finalmente o desfecho surge, anunciado facilmente pelos japoneses, a sensação que fica é que Louis continuaria sofrendo (e sobrevivendo), caso a guerra não tivesse acabado. Verdade seja dita, não há muita conexão a ser feita com o herói. Torcemos para que o sofrimento dele acabe, como torceríamos para qualquer outra pessoa em situação semelhante, mas ao colocá-lo como “invencível”, não conhecemos suas fragilidades, que seria justamente o que nos ligaria a ele.

Em contrapartida, Jolie conta com uma equipe técnica arrojada. O experiente diretor de fotografia Roger Deakins (“Fargo” e “Onde os Fracos Não Têm Vez”) faz um trabalho surpreendente, com destaque para as sequências marítimas. A equipe de som também impressiona, não à toa “Invencível” foi indicado nas duas categorias sonoras do Oscar. Entretanto, a trilha sonora de Alexandre Desplat aparece genérica, sempre sublinhando os momentos dramáticos em busca de fazer o público reagir.

Tecnicamente, “Invencível” é de encher os olhos, mas prova que uma boa diretora não salva um roteiro limitado. As lições são passadas com maniqueísmo, o que evita que esta obra se diferencie entre tantas outras do gênero que são realmente fortes.

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