Crítica | Caminhos da Floresta (2014), de Rob Marshall

INTO THE WOODS

Avaliação: Regular

Stephen Sondheim é um respeitado compositor e letrista com uma carreira invejável. Levou aos palcos obras como os excelentes “Sweeney Todd” e “West Side Story”, que também viraram estrelas do cinema. A nova empreitada do diretor Rob Marshall se baseia em “Caminhos da Floresta”, musical de Sondheim que reúne vários contos de fadas em um só, agora assinado pela Disney.

Contando com o roteirista original, James Lapine, o longa chega a ser gracioso em seus primeiros minutos. A forma como acontecem os encontros no reino encantado rende boas sequências, mas não se seguram nos longos 125 minutos de projeção. São muitos personagens em cena que precisam de atenção, dentro de cenários e locações restritas demais. Talvez por um vício de usar apenas o palco do teatro, Lapine não consegue situar e expandir muito bem os conflitos, nem mesmo dentro da floresta. Personagens se encontram e desencontram o tempo todo, mas nunca nos dão ideia de onde estão, da imensidão daquele lugar ou da magia que envolve o reino.

Enquanto o Padeiro (James Corden) e sua esposa (Emily Blunt) tentam cumprir o pedido de uma bruxa (Meryl Streep) para quebrar uma maldição, outros personagens são introduzidos. As caricaturas da Cinderela, Rapunzel e da Chapeuzinho Vermelho, por exemplo, são bastante respeitada, fazendo com que esperemos o de sempre delas. Até que, de repente, a trama muda drasticamente. Do segundo para o terceiro ato, a impressão que fica é que um outro filme começou. Até as músicas cessam por um tempo para tentar explicar o que está acontecendo, sem muito sucesso.

Frustrante mesmo é notar que, mesmo com a alta qualidade das composições, com canções bonitas e divertidas (com exceção do constrangedor número musical dos príncipes), “Caminhos da Floresta” não envolve ao ponto de fazer o público torcer pelos heróis. Destaque para o figurino sempre impecável de Colleen Atwood, vencedora de três estatuetas do Oscar, que faz um trabalho detalhista na elaboração do armário de cada personagem, mesmo que a fotografia, às vezes escura demais, tente esconder seus méritos.

O elenco se esforça e traz boas surpresas, como a voz delicada de Emily Blunt e o carisma de James Corden à frente de uma grande produção. Como é de se esperar, Meryl Streep aparece soberba e suas motivações são mais palpáveis que as das próprias princesas. Os príncipes, por outro lado, são canastrões. Um deles chega a dizer que foi feito para ser charmoso, não para ser sincero. Uma lição, no mínimo, indelicada de um estúdio que preza pelos bons costumes.

Infelizmente, Rob Marshall não sabe bem para onde vai. A inspiração de outrora, vista em “Chicago” e “Memórias de uma Gueixa”, é trocada pela morbidez crônica. Não temos grandes sequências, efeitos visuais impressionantes ou nada minimamente significativo para valorizar o trabalho de Marshall atrás das câmeras. Faltou uma pitada de sal nessa mistura (e deu saudade da preciosidade narrativa de “Moulin Rouge – Amor em Vermelho”).

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