Crítica | Redemoinho (2017), de José Luiz Villamarim

redemoinho

Avaliação: 2.5/5

A nova parceria do diretor José Luiz Villamarim, da elogiada série “Justiça”, com o roteirista George Moura, dos sucessos “Amores Roubados” e “O Rebu”, resultou em seu primeiro trabalho no cinema, o drama familiar “Redemoinho”.

Estrelado pelos excelentes Julio Andrade e Irandhir Santos, a história acompanha o reencontro de dois amigos no interior de Minas Gerais. Entre eles, questões relativas ao passado e ao presente começam a surgir, enquanto tentam trilhar um futuro com novas perspectivas.

Gildo, papel de Andrade, vive bem em São Paulo e está de passagem por Cataguases para visitar a mãe no dia do Natal. Luzimar, interpretado por Santos, trabalha em uma empresa de tecido e tem uma vida aparentemente pacata ao lado da esposa, que tenta driblar sua vida solitária.

Aos poucos, o reencontro de Gildo e Luzimar traz à tona as dores do passado, de quando ainda eram crianças. Durante o primeiro ato, Villamarim cria a atmosfera de mistério das questões familiares e, aos poucos, a trama vai revelando as cicatrizes de uma tragédia.

O roteiro demora a acontecer e dá muitos espaços em branco para a interação entre Gildo e Luzimar. Ao mesmo tempo, as cenas em flashback mostram mais do que deveriam e fica fácil supor o que eles tanto remoem em suas histórias.

Os personagens secundários, como a esposa de Luzimar, interpretada por Dira Paes, e a mãe de Gildo, papel de Cássia Kis, completam a história dos dois amigos. Por fora, Démick Lopes vive um homem que enlouqueceu, também devido ao que aconteceu nessas famílias.

Villamarim faz um trabalho técnico irrepreensível, brincando com as questões sonoras do filme, essenciais para a compreensão do universo dos personagens. O diretor vai mais além do que o roteiro fraco oferece.

Ciente disso, Villamarim concentra seus esforços em desenvolver um filme visualmente atraente e requintado, auxiliado pelo olhar sempre competente do diretor de fotografia Walter Carvalho.

A firmeza do elenco, especialmente de Julio Andrade e Irandhir Santos, torna possível que ainda haja interesse de chegar até o fim da projeção. Gildo e Luzimar bebem o dia inteiro, como se anunciassem que em algum momento todas as mágoas fossem explodir de uma só vez, como acontece.

A forma como os dois não conseguem se desvencilhar após o encontro é o principal ponto do roteiro, que internaliza as cicatrizes e sugere que apenas uma conversa franca pode mudar as coisas. Mesmo assim, “Redemoinho” deixa uma sensação de história ultrapassada que não teve boas ideias para aproveitar o talento de seus envolvidos.

Publicado originalmente pelo autor no Jornal Diário do Nordeste.

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