Notas | Kong: A Ilha da Caveira (2017), de Jordan Vogt-Roberts, e Personal Shopper (2016), de Olivier Assayas

kongAvaliação: 2.5/5

Revisitar sucessos do passado é o principal hobby de Hollywood, que não deixa nenhum clássico quieto. A desculpa de dar uma nova roupagem é até válida, se considerarmos as questões tecnológicas que, quando bem utilizadas, fazem de um remake algo pelo menos divertido. Ainda assim, obras como “Kong: A Ilha da Caveira” não são nada mais do que produtos preocupados com a bilheteria. Não que o filme não seja bacana, até é, ainda mais se considerar que confiaram um orçamento nada humilde de US$185 milhões para um diretor praticamente desconhecido. Assumindo uma narrativa que flerta com o clássico, mas traz novas propostas visuais, o longa-metragem carece de ritmo e é quase impossível se importar com os personagens. Kong continua sendo a principal atração da obra e seu novo design é poderoso. É quase possível compreender toda a história do “monstro” apenas com um olhar, coisa que o elenco principal sofre para transmitir. A disputa entre bem e mal cansa, especialmente pela persona repetitiva de Samuel L. Jackson. O alívio cômico infantil faz a história passar mais rápido, mas, ao final da projeção, fica uma sensação de vazio, de quem poderia ter visto mais.

personal shopperAvaliação: 3.5/5

As vaias que “Personal Shopper” recebeu do público do Festival de Cannes 2016 não intimidaram os jurados, que concederam o prêmio de melhor diretor para o francês Olivier Assayas, que repete a parceria com a atriz Kristen Stewart após “Acima das Nuvens” (2014). Na trama, Stewart interpreta uma americana que mora na França e trabalha como personal shopper para uma celebridade. Ela também tem o dom de entrar em contato com o mundo dos mortos. Apesar da dificuldade de Assayas em compensar o drama e o suspense psicológico no longa, “Personal Shopper” é, no mínimo, um trabalho intrigante, corajoso e hipnotizante. É uma proposta de filme muito rara que se aprofunda nos desejos humanos e brinca com a percepção do público, que completa com suas próprias referências pessoais os conflitos da protagonista.

Publicado originalmente pelo autor no Jornal Diário do Nordeste.

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