Entrevista | Brad Dukes, autor do livro “Twin Peaks: Arquivos e Memórias”

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Brad Dukes (Créditos: Jessica Dukes / Divulgação)

Há 27 anos, o canal ABC lançou o primeiro episódio de “Twin Peaks”, série que causaria frisson no público e na crítica especializada. Muito além disso, o programa criado por Mark Frost e David Lynch serviria de inspiração para tantas outras obras no audiovisual e na literatura.

Considerada revolucionária na época, “Twin Peaks” fazia uma instigante mistura de gêneros, transitando entre o suspense psicológico, o drama policial e o surrealismo, em uma trama de investigação complexa. Na história, o policial Dale Cooper investiga o misterioso assassinato da estudante Laura Palmer na cidade ficcional de Twin Peaks, em Washington.

A primeira temporada teve oito episódios, enquanto a segunda se estendeu por 22. Após o fim da série, David Lynch lançou o filme “Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer”, uma espécie de prólogo ao que foi visto na série. Exibido no Festival de Cannes, o longa-metragem dividiu opiniões pela inconsistência da história.

Uma nova temporada estreará no dia 21 de maio, pelo canal Showtime, sob o comando dos criadores originais. Para comemorar o retorno, a editora DarkSide Books lançou o livro “Twin Peaks: Arquivos e Memórias”, de Brad Dukes, primeiro título da Coleção Fora de Série que vai revelar os bastidores de famosas séries de TV.

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Livro “Twin Peaks: Arquivos e Memórias”, de Brad Dukes. Lançamento da DarkSide Books

Pesquisa

Em entrevista exclusiva à Contraplano, o autor, que mora em Nashville, Tennessee, conta que começou a entrevistar os criadores, atores e membros da equipe em 2007. A obra começou a ser desenvolvida cinco anos depois e Dukes conta que nunca pareceu como se fosse “um trabalho”.

“Meu livro é mais sobre os bastidores do que estava acontecendo fora da tela e comandando a direção criativa do show. Eu não queria me aprofundar em teorias ou explicar o show, porque eu realmente sinto que ele foi projetado para permitir que o espectador determine sua própria interpretação”, conta.

Dukes, no entanto, considera que “Twin Peaks” desapareceu muito rápido da cultura pop quando o programa terminou, em 1991. “Eu acho que houve uma influência residual que não teve força até a estreia de ‘Os Sopranos’, no final dos anos 1990. Se você olhar para a primeira temporada, acho que é um modelo perfeito que mostra como contar uma história em nove horas”.

Entrevistas

Ao reunir material para o livro, Dukes conta que literalmente se aproximou de todas as pessoas que podia para construir uma visão abrangente. Todos tinham grandes histórias e colocaram suas próprias versões dos eventos.
“Os atores Ray Wise, Michael Parks e Sheryl Lee foram entrevistados memoráveis. Eu olho para a experiência e parece emocional. Acho que estou apenas grato pelas dezenas e dezenas de pessoas interessantes que escolheram falar comigo. Algumas já não estão conosco agora, infelizmente, mas eu posso dizer que não tenho arrependimentos, acho que tudo acabou como devia”, diz o autor.

Quando a série foi lançada, David Lynch já carregava elogiados filmes, como “O Homem Elefante” (1980), “Duna” (1984), “Veludo Azul” (1986) e “Coração Selvagem” (1990), e foi peça fundamental para “Twin Peaks”. “Lynch dirigiu a maioria dos momentos-chave que as pessoas realmente parecem lembrar. O episódio piloto é essencial e realmente define o tom para tudo a seguir. Além disso, sem o episódio final e todas as perguntas que ele coloca, eu me pergunto quantas pessoas estariam exigindo uma outra temporada. ‘Twin Peaks’ foi feito por um grupo enorme de indivíduos interessantes, mas nunca teria funcionado sem Lynch e Frost liderando o caminho”, conta.

Sobre a nova temporada que estreia em breve nas telinhas, Duke não esconde a ansiedade. “Estou esperando um tipo diferente de pandemônio imprevisível que só Lynch e Frost poderiam pensar. Estou contando os dias!”, finaliza.

Publicado originalmente pelo autor no Jornal Diário do Nordeste.

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