Hoje falaremos sobre os indicados nas quatro categorias sonoras do Oscar: Melhor Edição de Som, Melhor Mixagem de Som, Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Canção Original.
Vale diferenciar, rapidamente, duas delas. A Edição de Som contempla a equipe de captação de todos os áudios que serão necessários para o filme durante as gravações. Já a Mixagem de Som contempla o trabalho feito durante a pós-produção, quando o técnico precisa fazer a fusão dos sons necessários em cada sequência, dando o andamento à narrativa. As diferenças ficam cada vez mais delicadas, visto o avanço da tecnologia e dos recursos de edição.
Três filmes ocupam as duas categorias: As Aventuras de Pi, Argo e 007 – Operação Skyfall. Em Edição de Som temos ainda Django Livre e A Hora Mais Escura, enquanto em Mixagem temos Os Miseráveis e Lincoln. É comum que o mesmo filme vença as duas categorias, mas não é regra. Outra característica recorrente é que os filmes de ação e aventura sempre saem na frente, já que eles, naturalmente, precisam de um maior apuro sonoro para colaborar com as estripulias visuais que costumam trazer.
Agora detalhadamente:
Melhor Edição de Som:
Eugene Gearty e Philip Stockton, responsáveis por As Aventuras de Pi, venceram o Oscar ano passado por A Invenção de Hugo Cabret. A Academia não tem problema em repetir prêmios, até porque a dupla realiza um trabalho magnífico para a história de Ang Lee.
Em 007 – Operação Skyfall, Per Hallberg e Karen M. Baker são grandes ameaças. Foram premiados em 2008 nesta categoria por O Ultimato Bourne. Hallberg acumula um Oscar também por Coração Valente (1995).
Erik Aadahl e Ethan Van der Ryn, editores de som de Argo, trabalharam juntos em Transformers: O Lado Oculto da Lua, indicado em 2012. Van der Ryn soma duas estatuetas: O Senhor dos Anéis – As Duas Torres (2003) e King Kong (2006).
Wylie Stateman recebeu sua sexta indicação ao Oscar por Django Livre, tendo trabalhos anteriores impecáveis, como em Memórias de uma Gueixa (2006) e Bastardos Inglórios (2010). Será que agora a Academia vai finalmente recompensar a filmografia de Stateman?
O experiente Paul N.J. Ottosson assinou a edição de som de A Hora Mais Escura, em mais uma parceria com a diretora Kathryn Bigelow. Ottoson venceu o Oscar por Guerra ao Terror, em 2010, tanto por Edição quanto por Mixagem de Som. Será que, mesmo com a força perdida da campanha de A Hora Mais Escura, a Academia repetirá o prêmio para Ottosson?
Melhor Mixagem de Som:
John T. Reitz, oscarizado por Matrix (1999); Gregg Rudloff, premiado também por Matrix e anteriormente por Tempo de Glória (1989); e José Antonio García, primeira indicação ao prêmio, foram os responsáveis por Argo. Os departamentos sonoros do filme de Ben Affleck colaboram por inteiro para a suspensão da narrativa, sendo um dos melhores trabalhos do ano. Mas será mesmo forte o suficiente para vencer?
O experiente Andy Nelson foi indicado 18 vezes ao Oscar e venceu apenas em 1999 por O Resgate do Soldado Ryan. Ele comandou a mixagem de Os Miseráveis ao lado de Mark Paterson e Simon Hayes, que recebem suas primeiras indicações da Academia. Partindo de um gênero musical, a mixagem é essencial para a finalização, ainda mais em um filme que supostamente os atores cantaram in loco.
O trio responsável pela mixagem de As Aventuras de Pi é composto por Doug Hemphill, oscarizado por O Último dos Moicanos (1993), e pelos novatos Ron Bartlett e Drew Kunin. Considero o trabalho de Edição melhor que o de Mixagem, porém não menos relevante para a construção do universo proposto pelo longa.
Andy Nelson também está indicado pela mixagem de Lincoln, ao lado de outros monstros sonoros: Gary Rydstrom, vencedor de sete estatuetas, entre Edição e Mixagem (O Resgate do Soldado Ryan, Titanic, Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros e O Exterminador do Futuro 2) e Ron Judkins, premiado por O Resgate do Soldado Ryan e Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros.
Em 007 – Operação Skyfall, o trabalho impecável de Scott Millan, vencedor de quatro estatuetas (Apollo 13, Coração Valente, Gladiador e Estrada Para a Perdição); Greg P. Russell, indicado a DEZESSEIS prêmios; e Stuart Wilson, indicado ano passado por Cavalo de Guerra, pode ganhar o favoritismo da Academia que, como dito anteriormente, considera os trabalhos de som em filmes de ação mais delicados e específicos.
Melhor Trilha Sonora Original:
Grandes nomes se tornaram referência na categoria, como os indicados John Williams e Dario Marianelli, mas todo ano as variáveis mudam e fica difícil prever quem tocou o coração da Academia. Acredito que esse ano teremos surpresas!
Por Argo, Alexandre Desplat recebeu sua quinta indicação ao Oscar, sempre voltando de mãos vazias para casa. Os departamentos de som de Argo transformam o filme em uma referência de como trabalhar os elementos e a trilha sonora na condução dos atos.
Thomas Newman, indicado por 007 – Operação Skyfall, também amargou 11 indicações, nunca vencidas, mas talvez não seja dessa vez que a Academia o premie pelo ‘conjunto da obra’.
Essa é a primeira vez que Mychael Danna é indicado ao Oscar, logo pelo magnífico trabalho feito em As Aventuras de Pi. Não só foi indicado como Trilha Sonora Original, mas também pela canção Pi’s Lullaby, o que pode (não necessariamente deve) revelar um favoritismo dos votantes.
Nos restam dois veteranos: John Williams, vencedor de cinco estatuetas, em mais uma parceria com Steven Spielberg em Lincoln; e Dario Marianelli, indicado dessa vez pelo quase fiasco Anna Karenina. Williams não vence um Oscar desde 1994, tendo amargado bons trabalhos como Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (2005) e As Aventuras de Tintim (2012). Já Marianelli criou uma das melhores trilhas sonoras dos últimos anos para Desejo e Reparação, pelo qual venceu seu primeiro Oscar.
Melhor Canção Original:
Aqui vence a melhor música feita exclusivamente para uma obra cinematográfica. Não existem critérios que garantam a vitória, apesar de certa vantagem dos filmes musicais. Mas talvez não exista tanta vantagem quando se concorre com Adele. Os indicados são Before My Time, de Chasing Ice; a fofinha Everybody Needs a Best Friend, da comédia Ted; Pi’s Lullaby, de As Aventuras de Pi; a vencedora do Globo de Ouro Skyfall, de 007 – Operação Skyfall; e Suddenly, na voz de Hugh Jackman em Os Miseráveis.
Leia o Especial Oscar 2013 – Parte I: Maquiagem e Figurino